terça-feira, 17 de abril de 2012

Novos inimigos da economia brasileira: os bancos


Na semana passada os vilões eram os produtos chineses, o que determinou uma série de medidas protecionistas e prejudiciais ao consumidor brasileiro.  Nesta semana o governo encontrou um novo vilão da economia brasileira: os bancos privados. Mandou Caixa e BB baixarem seus juros e reclamou publicamente, através do ministro Mantega, dos bancos que não fazem nada para reduzir o spread, o maior do mundo.  A exemplo do que ocorre na política de defesa comercial, o governo ataca os problemas no setor bancário de forma pontual, desorganizada e voluntariosa. O mercado bancário brasileiro é sim problemático, mas culpar unicamente os bancos é mais um exemplo de uma postura populista antimercado, que coloca apenas nas costas das instituições bancárias a responsabilidade pelos juros estratosféricos pagos pelo tomador de empréstimo no Brasil. Ora, no capitalismo não há bondade ou maldade, as empresas buscam maximizar seus lucros, o que é perfeitamente legítimo e não deve ser demonizado em princípio. No lugar de utilizar bancos sob seu controle (BB e Caixa) para baixar juros na marra, o governo deveria adotar medidas estruturais para criar um ambiente mais competitivo no setor. Exemplos seriam políticas de redução da assimetria de informação entre bancos e tomadores de crédito para reduzir inadimplência e os juros - como o cadastro positivo-, introdução de legislação mais abrangente que permitisse ao emprestador reaver pelo menos parte do valor emprestado – como já ocorre no caso de veículos e imóveis - e redução dos impostos. O governo não demonstrou empenho em nenhuma dessas áreas. O cadastro positivo, por exemplo, que permite aos bancos identificar os bons pagadores e, portanto, cobrar juros mais baixos, ainda não possui eficácia, pois não foi regulamentado pelo governo. Os impostos continuam elevadíssimos e a inadimplência continua nas alturas.   Enquanto isso, o Brasil tem os juros mais elevados do mundo, o carro mais caro e atrasado do mundo, os hotéis mais caros do mundo, etc. O mercado bancário possui as conhecidas falhas de mercado – elementos que impedem o melhor funcionamento do mercado. No entanto, o maior problema é a falha de governo, que tributa muito, investe pouco e não cumpre seu papel regulatório de forma adequada. Em suma, é muito fácil culpar os bancos, que possuem uma imagem negativa junto à população. No entanto, boa parte dos problemas do setor depende da correta atuação do governo e não de medidas populistas, de eficácia limitada e desestabilizadoras, como a redução dos juros dos bancos sob controle estatal.